A intolerância religiosa não é um problema que nasceu agora. Os conflitos no continente asiático não são novidade pra ninguém. No Brasil, o que foi o fato de os portugueses aqui chegarem e decidirem evangelizar os índios, uma vez que, para aqueles, estes não tinham religião e eram os pajés uns mentirosos?
Ocorre que, recentemente, temos escutado mais sobre este tema em nosso país, dada a velocidade com que têm se acirrado os casos de intolerância. Não é somente o terreiro incendiado em Goiás. Nem a menina de 11 anos apedrejada do Rio. Nem a curitibana que não quer voltar para a escola depois de ter sido chutada por uma colega. Esses são apenas alguns poucos casos do tanto que têm ocorrido Brasil afora. Mundo afora.
A Constituição Federal brasileira já foi atrofiada a ponto de estabelecer o Catolicismo como religião oficial do Império, proibindo, assim, que qualquer manifestação religiosa fosse praticada fora do culto doméstico (casa ou local destinado para isso). Isso lá no século XIX. Hoje, já temos uma Constituição que assegura a liberdade de consciência e de crença e o livre exercício de cultos (mesmo que ainda não haja lá tanta proteção aos locais de cultos e liturgias como deveria). Mas vamos considerar que existem passos dados para frente. Justamente porque estes existem, já é possível lutar contra as mentes diminutas. E as religiões de matrizes africanas são as que mais sofrem com elas. Não à toa, líderes dessas religiões têm cobrado providências da Comissão de Direitos Humanos – CDH contra o aumento absurdo de casos de intolerância.
“Outro segmento que sofre preconceito e que deve ser respeitado é o daqueles que em nada creem.”
Outro segmento que sofre preconceito e que deve ser respeitado é o daqueles que em nada creem. Ou que creem à sua maneira, por não se sentirem representados por símbolos religiosos. São abraçados constitucionalmente, por ser o nosso Estado laico e pregar tal liberdade. Mesmo assim, não estão isentos dos olhares e julgamentos dos “super crentes”.
Em Feira, embora pouco divulgado, vivemos um momento de Campanha contra a Intolerância Religiosa, promovida pelas Secretarias Municipais de Desenvolvimento Social (SEDESO), de Direitos Humanos e de Prevenção à Violência (SEPREV), juntamente com lideranças religiosas católicas, espíritas, evangélicas, do candomblé e umbanda, além da Associação Racionalista dos Céticos e Ateus (ARCA). Respeito à diversidade religiosa e ao direito da pessoa de ter fé e ser contra qualquer tipo de intolerância religiosa ou ação discriminatória são as características mais importantes dessa campanha, apontadas por Fábio Ribeiro, chefe da Divisão de Minorias da SEDESO.
A Campanha Intolerância Religiosa nem por um segundo tem como lema “Toda crença busca a paz, o amor e a união” e teve início no dia 19/09. O encerramento se dará no próximo domingo, 4 de outubro, com a Caminhada e o Ato Inter-religiosos.
Abaixo, você confere a programação e o vídeo de divulgação:
19/09, das 14h às 19h – Lançamento da Campanha e Seminário Inter-religioso.
25/09, às 08h30min – Sessão Solene na Câmara de Vereadores
21 a 25/9 – Ações diversas de combate à intolerância religiosa em escolas e instituições religiosas
04/10, às 15h – Caminhada Inter-religiosa (Saída em frente ao Palace Hotel, na Av. Maria Quitéria, e concentração no Estacionamento da Prefeitura, em frente ao Paço Municipal)
04/10, às 17:00h – Ato Inter-religioso no Estacionamento da Prefeitura, em frente ao Paço Municipal.
O chefe da primeira missão jesuítica à América, sacerdote Manuel da Nóbrega, escreveu em uma das suas cartas à sua Ordem, sobre os índios aqui encontrados: “…a dificuldade está somente em tirar-lhes todos os seus maus costumes, mudando-os em outros bons…”. Eis a mesma dificuldade que vivemos agora contra os fúteis e intolerantes.
Assista a outros vídeos sobre a intolerância religiosa: