Que a nossa Micareta vem sofrendo perdas nos últimos anos, não há dúvidas. Mas dizer que ela já acabou é um equívoco. O que se faz necessário é ir ao centro dos pontos cruciais que resultam em queda.
O saudoso prefeito Colbert Martins da Silva teve a infeliz ideia de mudar o período da Micareta, que era de sábado a terça, passando a ser de quinta a domingo. Em 1997, ao reassumir a Prefeitura, José Falcão da Silva, o Zé Festinha, em um dos seus primeiros decretos, ordenou que a festa retornasse de sexta a terça-feira. Quis o destino que, neste mesmo ano, Zé fosse chamado por Deus.
Em seguida, o sucessor, Clailton Costa Mascarenhas, o pior gestor que essa cidade já teve, se trancou na calada da noite – sabe-se lá com quem – e reposicionou a festa de quinta a domingo. Aí, surgiram os primeiros sinais negativos. Somado a isso, o comércio não fechava e não fecha até hoje, nem quinta e nem sexta, o que afugenta o folião, haja vista que quem vai trabalhar sexta, obviamente, não vai brincar na quinta. A Associação Comercial não abre mão de manter as lojas abertas, alegando prejuízos.
“As pessoas que manipulam a Micareta são justamente aquelas que não pulam”
O que não dá para entender é o fato de que esse mesmo comércio fecha as portas no Carnaval, mesmo sem a festa acontecer em Feira de Santana. Enquanto isso, o Shopping Boulevard promove uma verdadeira escravização aos que ali trabalham, pois estes também são obrigados a trabalhar até o sábado. Dessa maneira fica claro um dos motivos da aparente decadência da folia momesca local.
É lógico que se levarmos em conta que 70% dos foliões são comerciários, não há como a festa ter sucesso, e por isso também alguns blocos ficam vazios. Em resumo: as pessoas que manipulam a Micareta são justamente aquelas que não pulam; mas que acabam ganhando dinheiro.