Se eu citar Juscelino de Oliveira Morbeck, talvez muitas pessoas estranhem. Mas se eu disser Jota Morbeck, vários lembrarão. Ele, sem dúvida, foi o melhor cantor de trio elétrico que eu vi e ouvi.
Jota era único na forma de versar uma boa música. Nascido em Ruy Barbosa, em fevereiro de 1962, veio para Feira de Santana em 1974. Era completo. Cantava de Caetano a Dire Straits. Sabia, como poucos, mudar um cenário na festa. Trilhou pela banda Mic Five e Lordão, e lembro-me de Jota Morbeck & Banda Gaiola Mágica.
No início da década de 80 ele surge como primeiro vocalista da Banda Eva. Foi destaque de vários carnavais, ganhando prêmios como melhor cantor. Também passou pela Banda Novos Bárbaros, onde emplacou os inesquecível hits “Melô do Halley”,”Ilê Birimba”, “Deboche” e “Descendo a Ladeira”, além do Trio Elétrico Tapajós, quando mandou bem com “Falabá”.
Morbeck fez inúmeras andanças por toda a Bahia, cantando quando ainda havia o Circuito de Micaretas em nosso Estado. Tinha uma característica inconfundível; a forma de se vestir. Ele primava pela elegância no quesito indumentária. Adorava camisas de seda, calça social e belos pisantes. Era comum chegar num hotel e vê-lo sentado à mesa com um litro de uísque, admirando a paisagem e esperando a folia.
“Jota foi para a música o mesmo que Pelé para o futebol; ele era único e jamais vai aparecer alguém melhor”
Seu talento era exaltado por onde passava, pois sempre deixava a sua marca, que era cantar divinamente. Em uma conversa com o artista Mairi Monte Alegre, veterano da música e amigo particular, ele pontuou sem pestanejar: “Jota foi para a música o mesmo que Pelé para o futebol; ele era único e jamais vai aparecer alguém melhor”.
Jota foi vítima da falta de reconhecimento por parte das pessoas que diziam fazer a Cultura local. Injustiçado, na época do Prefeito Clailton Mascarenhas, foi cobrar o cachê de uma apresentação e chamaram a polícia para ele. Mas como o talento morre com o dono, Jota seguiu fazendo o que mais sabia e amava: cantar e alegrar as pessoas. O gênio Morbeck foi para o céu em 27 de abril de 2000, e no ano seguinte, num ato de hipocrisia, a Prefeitura deu seu nome ao palco alternativo da Micareta.
Homenagem se faz em vida. Mas, certamente, ele foi recebido pelos Deuses da folia. Jota Morbeck é eterno! Repito: o melhor cantor de trio elétrico que eu vi e ouvi!