Quem acompanha o cenário das artes plásticas da Bahia certamente já ouviu falar ou já se deparou com alguma obra do pintor Cesar Romero. O que nem todos sabem é que o artista plástico autor das “Faixas Emblemáticas” é feirense, nascido em 1950.
“Dois fatos foram determinados em minha formação de artista plástico: a convivência com as feiras livres, sempre às segundas-feiras, em companhia do meu pai, e a criação do Museu Regional de Feira de Santana. Se eu tivesse nascido em outra cidade, muito provavelmente não haveria o artista que sou, nem esta obstinada escolha de brasilidade. Feira de Santana fixou meu destino em forma, linha e cor”, diz ele sobre sua origem.
![Faixas emblemáticas - Cesar Romero](https://feirenses.com/wp-content/uploads/2019/07/faixa-emblematica-2.jpg)
Faixas emblemáticas – Cesar Romero
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Faixas emblemáticas – Cesar Romero
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Faixas emblemáticas – Cesar Romero
Romero, que também é médico psiquiatra, tem extensa produção artística, chegando a participar, no Brasil, de mais de 400 exposições coletivas e 39 individuais. No exterior, foram mais de 50 exposições coletivas e 8 individuais – em países como Espanha, Estados Unidos, França e Argentina. Possui trabalhos em 45 museus brasileiros e estrangeiros.
Depois de ser marcado por Feira de Santana, Cesar Romero foi morar em Salvador: “Vim para Salvador povoado de lembranças da caatinga e do sertão. Em 1967, tive minha primeira exposição e meu primeiro prêmio. Salvador me legou os símbolos afro-brasileiros e as festas de largo. Somações de influências que resultaram no produto final do meu trabalho”.
No livro “A Brasilidade na Pintura de Cesar Romero“, Mirian de Carvalho descreve da seguinte forma a obra do artista feirense:
“No universo das cores moventes, César Romero inscreve a vida e a memória do povo visitando manifestações do sagrado e do profano em terras da Bahia. Na apreensão da fé popular, além das referências ao Candomblé, o pintor festeja os santos e outras imagens do Catolicismo. Comemorando a paisagem interiorana, ele destaca os casarios e a igreja do povoado. Contempla as arraias empinadas pelos meninos de céu aberto. Comemora as bandeiras, os banquinhos e as barracas das Festas de Largo e do mercado. Exalta o Carnaval. As festas juninas. Os folguedos. O circo. Colore as fachadas das casas do interior. Em seu trabalho, ganham espaço altar e santo. Em sua arte, matizam-se costumes e fazeres. Coisas do homem. Coisas da divindade. Sinais do povo dando voz à cultura regional como uma das nossas identidades hoje”.
O crítico de arte Jacob Klintowitz enaltece o trabalho de Romero: “A característica mais notável no trabalho de César Romero é sua capacidade de incorporar os símbolos da religiosidade e da criatividade popular, do fluxo inconsciente do povo brasileiro, e transformá-los numa partitura pictórica erudita, onde as formas adquirem uma estrutura de vasta informação, e a gama cromática surge lentamente, sutil, por transparência e pelo ritmo da pincelada.”
Crítico de Arte
Não bastasse a reconhecida trajetória como pintor, Cesar Romero também é membro da Associação Brasileira dos Críticos de Arte. Iniciou-se na grande imprensa em 1975 escrevendo no Jornal da Bahia, até 1979. Neste mesmo ano, inicia sua coluna de artes visuais no Correio da Bahia.
Publicou mais de novecentos artigos sobre arte e artistas. Prefaciou aproximadamente duzentos e cinquenta catálogos de exposição, e é autor de livros de arte como “Bahia – Negras Raízes” (2006), “Carl Brussel – Um artista da forma e da cor” (2006), “Grafite: Sinais Urbanos” (2011) e “Antonio Maia – Ex – Voto, Alma e Raiz” (2015).
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Em 2001, Cesar Romero disse sobre sua própria obra: “Busco uma pintura como quem busca um Hino Nacional. Sou baiano, nordestino, brasileiro e universal”. Um feirense que merece ser referenciado, reconhecido e lembrado pela extensa obra que construiu – e segue construindo.
Conheça mais sobre Cesar Romero e sua obra em seu site oficial.