Em março, o número de beneficiários do Programa Bolsa Família (PBF) em Feira de Santana estava aquém do estimado pelo Ministério da Cidadania, o recauchutado Ministério do Desenvolvimento Social de tempos atrás. Segundo o órgão, 31.662 famílias foram contempladas com o benefício no mês passado, o que corresponde a 66,94% da estimativa de famílias pobres no município.

Isso significa que, potencialmente, um terço das famílias com perfil para o programa não recebe o benefício. O Ministério da Cidadania constata que o “município está abaixo da meta do programa”. E recomenda a realização de “busca ativa para localizar famílias que estão no perfil do programa e ainda não foram cadastradas”.

Outra recomendação do órgão é que a “gestão também deve atentar para a manutenção da atualização cadastral dos beneficiários, para evitar que as famílias que ainda precisam do benefício tenham o pagamento interrompido”. Ou seja: além do empenho na busca por quem ainda não é beneficiário, é fundamental a atenção com quem já está no programa.

O total de beneficiários, em março, correspondeu a 12,33% da população total da Feira de Santana. O montante destinado aos beneficiários alcançou R$ 3,736 milhões. O valor do benefício médio repassado para cada família alcançou R$ 118,03, também segundo o ministério. Cada real investido na iniciativa representa um retorno de R$ 1,78 no Produto Interno Bruto – PIB do município.

Apesar dos adversários iracundos – e, frequentemente, sem argumentos convincentes, aferrados à cultura escravocrata do século XIX – o Bolsa Família se firmou desde o início da década passada como uma das mais elogiáveis iniciativas de transferência de renda do País. E foi empregado como modelo para iniciativas similares em outras nações.

Quem tem um mínimo de sensibilidade social – e raciocina para além das colorações partidárias – costuma defendê-lo. E, contrariando o que imaginam os frenéticos “liberais” de mídias sociais, a iniciativa tem, inequivocamente, nítida inspiração liberal. As premiações e os elogios de organismos multilaterais, portanto, não são à toa, nem são coisa de comunista.

Em texto recente ressaltamos a importância da iniciativa, sobretudo nos últimos anos, quando a crise econômica extinguiu mais de 12 mil postos formais de trabalho aqui na Feira de Santana. Nesse momento de aumento da vulnerabilidade social, a iniciativa deveria ser reforçada e não o contrário: ao invés do enxugamento, expansão para atender àqueles mais expostos à fome.

Quem anda pela Feira de Santana percebe, sem muito esforço, o aumento da pobreza e da miséria. Mendigos, crianças esmolando, catadores de materiais recicláveis e enxames de ambulantes tornaram-se, novamente, muito comuns na paisagem urbana.

Muitos, provavelmente, integram essas famílias com perfil para o programa, mas sem acesso ao benefício.