Acompanhado pelo Secretário de Planejamento, Carlos Brito, o Prefeito José Ronaldo de Carvalho, participou do encontro da Cúpula Mundial de Líderes Locais e Regionais, em Bogotá, Colômbia, onde foram discutidas questões sobre sustentabilidade e mobilidade urbana. O Secretário deu uma entrevista ao site Acorda Cidade dizendo que “Toda a tônica desse evento tratou disso: a cidade para o cidadão. Assim como também se observou que a expansão urbana está numa velocidade muito maior do que o planejamento que se faz. Vimos também maquetes de cidades com previsão para 50 anos, mas os seus prefeitos efetivamente enfocam isso. E isso nos mostra que nós temos que agilizar todo esse planejamento de longo prazo mesmo diante do poder econômico e a realidade social da cidade”.

Para estimular o debate sobre mobilidade urbana, num momento em que o Poder Público Municipal está sensível ao tema, trazemos a experiência de Bogotá na implementação da bicicleta como meio de transporte viável na cidade (que conta com mais de 7 milhões de habitantes). Embora haja claras disparidades no porte de Feira comparado com Bogotá, os princípios de implementação das políticas nessa área são os mesmos.

Ciclovia em Bogotá

Entre 1997 e 2000 Bogotá instalou mais de 300 quilômetros das chamadas Ciclorutas, espaços próprios para ciclistas entre as principais vias da cidade que são separados dos carros por canaletas de concreto e barras de ferro. Atualmente, a capital da Colômbia tem cerca de 400 quilômetros de Ciclorutas ligando todos os bairros – próximos e distantes – com as ruas e praças do centro. Elas se somam, ainda, aos 120 quilômetros de Ciclovías, ruas fechadas para automóveis nos finais de semana e sinalizadas apenas para o uso de ciclistas, skatistas e corredores. Desta forma, Bogotá chega a ter, durante estes dois dias (final de semana), mais de 500 de áreas exclusivas, o que lhe aumenta o rótulo de cidade com a maior malha cicloviária da América Latina e a quinta maior do mundo, atrás de Berlim, na Alemanha, Nova York, nos Estados Unidos, Amsterdã, na Holanda, e Paris, na França.

Veja a seguir o mapa das ciclovias em Bogotá:

As ciclovias em Bogotá

Em amarelo, as “Ciclorutas”, vias exclusivas para ciclistas em Bogotá.

A resistência da comunidade

O atual prefeito de Bogotá, que também governava o município no início dos anos 2000, Enrique Peñalosa, responsável pela implementação da maior parte da malha cicloviária na cidade, à época, não teve apoio político de nenhum setor. Em entrevista à Revista Brasileiros ele declarou o seguinte: “por que na Holanda, Suécia e Dinamarca existem mais bikes do que na Espanha ou na Itália, onde o clima é até melhor? Porque a Holanda tem uma sociedade mais igualitária. Sempre foi assim. Lá, uma pessoa que tem um milhão de dólares na conta bancária anda de transporte público ou de bicicleta. Na Espanha e Itália os ricos se sentem muito importantes para esse tipo de transporte, assim como os ricos de São Paulo e de Bogotá. Percebemos, então, que as ciclovias estão refletindo uma visão da sociedade. A cidade reflete os valores da sociedade. Em uma sociedade igualitária se constrói mais ciclovias, mais calçadas e se dá mais espaço para o transporte público”.

Ele completa: “Em Bogotá tivemos conflitos porque muitos cidadãos queriam todo o espaço viário para eles. Queriam que as calçadas fossem estreitas, queriam estacionar seus carros nas ruas. Há sempre um conflito, não contra bicicletas ou contra pedestres, mas dos que têm carro e querem todo o espaço da rua para eles”. Para Enrique Peñalosa, priorizar as bicicleta não é uma questão técnica, mas política. Veja a seguir uma entrevista, legendada em português, onde ele discute seu ideário sobre mobilidade urbana:

 

Boas discussões e problemáticas para Feira de Santana priorizar a partir daqui!

(Veja a matéria sobre as ciclovias em Bogotá na Revista Brasileiros…)