Quem acompanha o cenário das artes plásticas da Bahia certamente já ouviu falar ou já se deparou com alguma obra do pintor Cesar Romero. O que nem todos sabem é que o artista plástico autor das “Faixas Emblemáticas” é feirense, nascido em 1950.

“Dois fatos foram determinados em minha formação de artista plástico: a convivência com as feiras livres, sempre às segundas-feiras, em companhia do meu pai, e a criação do Museu Regional de Feira de Santana. Se eu tivesse nascido em outra cidade, muito provavelmente não haveria o artista que sou, nem esta obstinada escolha de brasilidade. Feira de Santana fixou meu destino em forma, linha e cor”, diz ele sobre sua origem.

Faixas emblemáticas - Cesar Romero

Faixas emblemáticas – Cesar Romero

Faixas emblemáticas - Cesar Romero

Faixas emblemáticas – Cesar Romero

Faixas emblemáticas - Cesar Romero

Faixas emblemáticas – Cesar Romero

Romero, que também é médico psiquiatra, tem extensa produção artística, chegando a participar, no Brasil, de mais de 400 exposições coletivas e 39 individuais. No exterior, foram mais de 50 exposições coletivas e 8 individuais – em países como Espanha, Estados Unidos, França e Argentina. Possui trabalhos em 45 museus brasileiros e estrangeiros.

Depois de ser marcado por Feira de Santana, Cesar Romero foi morar em Salvador: “Vim para Salvador povoado de lembranças da caatinga e do sertão. Em 1967, tive minha primeira exposição e meu primeiro prêmio. Salvador me legou os símbolos afro-brasileiros e as festas de largo. Somações de influências que resultaram no produto final do meu trabalho”.

No livro “A Brasilidade na Pintura de Cesar Romero“, Mirian de Carvalho descreve da seguinte forma a obra do artista feirense:

Pintura de Cesar Romero

Obra de Cesar Romero

“No universo das cores moventes, César Romero inscreve a vida e a memória do povo visitando manifestações do sagrado e do profano em terras da Bahia. Na apreensão da fé popular, além das referências ao Candomblé, o pintor festeja os santos e outras imagens do Catolicismo. Comemorando a paisagem interiorana, ele destaca os casarios e a igreja do povoado. Contempla as arraias empinadas pelos meninos de céu aberto. Comemora as bandeiras, os banquinhos e as barracas das Festas de Largo e do mercado. Exalta o Carnaval. As festas juninas. Os folguedos. O circo. Colore as fachadas das casas do interior. Em seu trabalho, ganham espaço altar e santo. Em sua arte, matizam-se costumes e fazeres. Coisas do homem. Coisas da divindade. Sinais do povo dando voz à cultura regional como uma das nossas identidades hoje”.

O crítico de arte Jacob Klintowitz enaltece o trabalho de Romero: “A característica mais notável no trabalho de César Romero é sua capacidade de incorporar os símbolos da religiosidade e da criatividade popular, do fluxo inconsciente do povo brasileiro, e transformá-los numa partitura pictórica erudita, onde as formas adquirem uma estrutura de vasta informação, e a gama cromática surge lentamente, sutil, por transparência e pelo ritmo da pincelada.”

Crítico de Arte

César Romero

Não bastasse a reconhecida trajetória como pintor, Cesar Romero também é membro da Associação Brasileira dos Críticos de Arte. Iniciou-se na grande imprensa em 1975 escrevendo no Jornal da Bahia, até 1979. Neste mesmo ano, inicia sua coluna de artes visuais no Correio da Bahia.

Exposição Bramante - Salvador

Publicou mais de novecentos artigos sobre arte e artistas. Prefaciou aproximadamente duzentos e cinquenta catálogos de exposição, e é autor de livros de arte como “Bahia – Negras Raízes” (2006), “Carl Brussel – Um artista da forma e da cor” (2006), “Grafite: Sinais Urbanos” (2011) e “Antonio Maia – Ex – Voto, Alma e Raiz” (2015).

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Em 2001, Cesar Romero disse sobre sua própria obra: “Busco uma pintura como quem busca um Hino Nacional. Sou baiano, nordestino, brasileiro e universal”. Um feirense que merece ser referenciado, reconhecido e lembrado pela extensa obra que construiu – e segue construindo.

Conheça mais sobre Cesar Romero e sua obra em seu site oficial.