O termo drag queen vem do inglês dressing resembling a girl (vestir-se como uma menina), e como o próprio nome diz, intitula um movimento artístico onde garotos se vestem de garotas e que, independentemente da sexualidade, permite dar asas à liberdade. Embora a cultura drag tenha surgido na década de 70, nos EUA, popularizou-se pelo mundo a partir de um reality show, o RuPaul’s Drag Race, que atualmente está na sua 8ª temporada.
Em Feira de Santana não foi diferente, a cultura drag queen surgiu de forma tímida e se expandiu através de nomes como: Ariel Nebraska, Maldita Satine, Donatella Valentino, Eva Valonni e Lindsay Chanel, que animam e se divertem em festas eletrônicas pela noite feirense com suas maquiagens pesadas, seus nomes irreverentes e seus saltos altos.
Nossa equipe entrou em contato com Leandro Freitas, Guilherme Sena e Heike Velame, alguns dos performers que encaram os desafios e o glamour da cena drag, eles deixaram seus depoimentos e contaram um pouco mais sobre a sua realidade.
Leandro é um santoamarense radicado em Feira, tem 19 anos, é DJ, produtor de festas e estuda Ciências Econômicas na UEFS. Se inspira em Lady Gaga, Christina Aguilera, Ariana Grande e Satine (do musical Moulin Rouge) para montar seu alter ego, a Maldita Satine. Entrevistado por nós, ele disse: “Satine é a minha versão feminina, quando estou montado é onde eu posso fazer tudo que sempre tive vontade de fazer e não fazia com medo dos julgamentos das pessoas, mas Satine também me abriu portas, e hoje eu não tenho mais medo das críticas e mesmo sem estar montado eu continuo com meu lado feminino, sem forçar nada. A minha drag é inspirada no lado feminino, então quanto mais feminino melhor, Maldita Satine Mawu, é basicamente uma it girl, que adora holofotes, músicas indie e pop”.
Guilherme tem 18 anos e recebe o apoio da família em tudo o que faz, é dançarino, ator, fotógrafo e maquiador. É estudante de dança e planeja se formar na área. Quando perguntado sobre seu personagem e inspirações ele ri e diz: “Ariel Nebraska é uma boneca de voodoo e sereia nas horas vagas, ela ama princesas e filmes de terror, ela adora ser diferente e andrógina, nunca está no parâmetro do comum. Eu me inspiro muito em drags brasileiras, como Lamona Divine, Nina Codorna, Biancca Banks e Duda Dello Russo, além de cantoras pop e personagens de terror”. Também aconselha quem pensa em encarar tal arte e finaliza falando sobre o retorno financeiro: “Meu conselho para quem quer ser drag é, humildade acima de tudo, porque ninguém começa sabendo tudo. E o principal: saiba criar sua identidade, não fique só copiando os outros, crie seu personagem. Dá para ganhar dinheiro sendo drag sim, mas não aqui na Bahia, muito menos em Feira. Feira de Santana tem uma cena drag muito pequena e que ainda não é valorizada, Salvador tem alguns bares e pontos onde as drags se apresentam com cachê, mas não é algo que dê para se sustentar”.
Heike tem 18 anos, é estudante do ensino médio, almeja uma carreira no mundo da moda e performa sob o codinome de Lindsay Chanel. O personagem foi criado há alguns meses e como ele mesmo diz, “é uma junção de todas as personagens e famosas que admira muito, o significado do nome se baseia na Lindsay Lohan e na Chanel, a grife internacional”, ele confessa que por diversas vezes suas personalidades se confundem. Na sua opinião, “drag é a uma forma de expressar sua própria arte, seja na make, na roupa ou na performance”. Ele diz que tem uma boa aceitação da família, que o apoia e ajudam sempre que podem.