Há alguns anos, eu fazia parte do rol que dizia que em Feira não havia nada pra se ver. Uma mistura de enganos reconhecidos e de transformações locais hoje me dão a certeza de que aqui há muito a ser visto e sentido. Que pode crescer mais, é verdade. Mas já temos um caminho sendo traçado e estamos com (mais) olhos mais atentos. Além, claro, de que temos uma cidade culturalmente rica que precisa e espera ser (mais) enxergada.
É preciso VerAcidade? É o que questionam os integrantes do Coletivo Transitório: Adriano Machado, Deisiane Barbosa, Kelvin Marinho, Lucas Alves, Yasmin Nogueira e Levy Costa. Três formandos e três formados em Artes Visuais pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB, que estarão expondo seus olhares reais e fictícios (é preciso “veracidade”?) no Museu de Arte Contemporânea Raimundo de Oliveira – MAC, a partir de amanhã (23 de julho), com abertura às 19h30.
A Exposição VerAcidade traz as obras desses seis artistas visuais que, cada um com a sua vertente, dialogam com a cidade, com o urbano. Fotografias, videoartes, instalações, fotoperformances e intervenções urbanas trazem a CIDADE como ponto de partida, que se desdobra em outros eixos: o CORPO, o TRÂNSITO, o DESEJO e o OUTRO.
Abaixo, um pouco do trabalho do Coletivo:
Você verá LEVY COSTA através de suas fotografias, nas quais mostrará os seus incômodos e seus questionamentos sobre a vida. Escolheu a cidade (a casa, a rua, demais lugares onde ele transita) como cenário para mostrar os seus desconfortos através da sua série intitulada “Surto”.
Palavras-chave: Levy, Fotografia, Publicidade, Lambe Lambe, Incômodos
Você verá DEISIANE BARBOSA em cartões postais nascidos da junção da fotografia de residências com suas “Cartas a Tereza”. Deisiane mapeou 20 desconhecidas Terezas feirenses e para cada uma enviou um de seus cartões postais, um trecho de carta, um convite para a Exposição VerAcidade. Será que elas vão aparecer?
Palavras-chave: Deisiane, Fotografia, Literatura, Cartões postais, Tereza
Você verá LUCAS ALVES em seus desenhos de anúncios, através dos quais procura pessoas já vistas em alguns lugares por onde passou. Lucas espalhou esses anúncios por aí. As pessoas também estão por aí espalhadas. Ele também será visto na “Escuta de bus”, em seu caderno de frases escutadas no ônibus e, mais ainda, nos áudios originais, gravados em seus itinerários, e que você poderá ver e ouvir também.
Palavras-chave: Lucas, Anúncios, Desenhos, Procura-se, Escuta de bus
Você verá KELVIN MARINHO em seus santinhos, um modo de expor os seus fotopoemas transitórios, que ele entrega aos transeuntes, assim en passant. Ele também poderá ser visto em poças d’água. Quer saber o porquê?
Palavras-chave: Kelvin, Santinhos, Fotopoemas transitórios, intervenção urbana, poças d’água
Você verá YASMIN NOGUEIRA em sua performance de silhuetas inspiradas na artista cubana Ana Mandieta e no Mito de Ofélia, e contornadas com elementos do mar. Além disso, Yasmin será vista em seu livro de artista, uma linha do tempo com impressões desde o início do seu trabalho até aqui.
Palavras-chave: Yasmin, Silhuetas, Mito de Ofélia, Ana Mandieta, água.
Você verá ADRIANO MACHADO em sua série de cartazes desgastados pelo tempo, fixados em madeirite igualmente carcomido. Uma espécie de estética do desgaste.
Palavras-chave: Adriano, cartazes, desgaste, tempo
E você não somente verá mais que isso como também poderá participar: a programação também conta com oficinas e diálogo com os artistas. Entre eles, estará Ludmila Britto, artista visual e professora de História da Arte, integrante do Grupo de Interferência Ambiental – GIA.
Entre os dias 23 de julho e 21 de agosto, é preciso ir ao MAC e VerAcidade.
Ah! A abertura da exposição ocorrerá no dia do 19º aniversário do Museu. Vida longa às artes!
Mais informações no Facebook da Exposição VerAcidade.