O Governo do Estado anuncia para meados do ano a licitação para a construção da Ponte Salvador-Itaparica. Pelo que noticia a imprensa, empresários chineses estão muito interessados em tocar o empreendimento. Parece que não estão assustados com a crise econômica que deprime o Brasil há quase cinco anos, nem com a instabilidade política que balouça a enferma democracia do País. Caso toquem a empreitada – e tudo saia conforme se anuncia – talvez até o final da primeira metade da próxima década o equipamento esteja pronto.
A previsão aponta que mais de R$ 1 bilhão sairá dos cofres públicos para custear o empreendimento. O montante soma-se a investimentos de vulto realizados na última década, como as linhas um e dois do metrô, as rótulas do Aeroporto e do Abacaxi, o sistema viário implantado no bairro do Imbuí e a Avenida Gal Costa, que conecta áreas de expansão na periferia de Salvador.
É claro que a capital baiana permanece carente de investimentos em infraestrutura viária e de transportes. Mas, em relação àqueles baianos que residem no interior, os soteropolitanos não podem reclamar: boa parte dos recursos aplicados nos últimos anos atendeu, sobretudo, Salvador. Vá lá que Salvador é, obviamente, a capital. Mas as grandes cidades do interior também merecem alguma atenção.
Como compensação, aqui na Feira de Santana acenou-se com a construção da avenida Nóide Cerqueira, naquela região de intenso povoamento recente no antigo bairro SIM. Ou com a revitalização da Lagoa Grande, nas imediações do Anel de Contorno, que permanece sem árvores no entorno, apesar do sol habitualmente implacável. Também se acena com contrapartidas estaduais – água e esgoto – nos condomínios populares do Minha Casa Minha Vida.
São intervenções importantes? Sem dúvida. É mais do que se fazia antigamente? Aí já se transita pela seara das paixões partidárias. E essa passionalidade é pouco efetiva para quem almeja ir além: vislumbrar o esboço de um projeto, de um plano, pelo menos de um futuro desejado para a Feira de Santana. Com método, clareza e pouco confete, conforme costuma ser desejável na espinhosa função planejamento. No momento isso não existe.
“O que se pretende, por exemplo, para a badalada Região Metropolitana da Feira de Santana?”
O que se pretende, por exemplo, para a badalada Região Metropolitana da Feira de Santana? O metrô e algumas intervenções viárias recentes, em Salvador, reverberam no entorno metropolitano. Mesmo os mais ferrenhos adversários do governo estadual são forçados a reconhecer o avanço na mobilidade urbana de Salvador, já com repercussão sobre a vizinha Lauro de Freitas.
Aqui já vai ser de bom tamanho se o próximo prefeito conseguir melhorar alguma coisa no sistema de transportes da RMFS. É um primeiro passo com nítidas externalidades positivas: quem reside e trabalha ou estuda noutra cidade – algo corriqueiro por aqui – vai ser beneficiado, com ganho em qualidade de vida; o comércio, trôpego nesses tempos de crise aguda, pode se oxigenar; e, sobre a prestação de serviços – que exige deslocamentos – os efeitos positivos serão ainda mais óbvios.
Antes de tudo é necessário ter uma agenda – um plano – lançado no papel. Sem ele, não adiantam concertações políticas, nem as mais nobres ambições. Mas isso é missão para os candidatos à prefeitura em 2020, que já começam a se movimentar nos bastidores da política feirense…