De maneira geral, tem-se visto retrospectivas e análises bastante pessimistas sobre o ano de 2016, dadas as crises políticas, econômicas, valorativas e sociais por que o Brasil e o Mundo passam. Esse foi um ano de Impeachment presidencial, prisão de altos figurões da política, eleições inusitadas nos Estados Unidos, ataques terroristas e de uma das maiores tragédias esportivas da história, com a queda do avião da Chapecoense.

Segundo o poeta Ferreira Gullar, que também nos deixou neste 2016 caótico, “a arte existe porque a vida não basta”. Por isso, resolvemos fazer uma memória de 2016 a partir das obras que alguns feirenses influentes apreciaram neste ano, indicando aos leitores criações que tragam mais significado para o ciclo que se finda. Faça bom uso das dicas:

Clarissa Macedo (Poetisa)

Clarissa Macedo

Clarissa indicou o livro “Os girassóis da manhã seguinte e o canto do pássaro livre“, do feirense Markus Viny. Para Clarissa, em 2016 “muitos livros bons foram lançados. Diferentemente da economia e da política do Brasil, a literatura brasileira caminha muito bem. Destaquei o de Markus por ele ser um autor feirense. Ao prefaciar seu livro, pude estudá-lo e verificar como ele consegue fundir um neo-sertão em imagens líricas cheias de força e beleza. Este, portanto, é meu livro”.

Ela indicou o filme Aquarius, com Sônia Braga como referência em 2016. “Gosto da atmosfera do filme e dos hiatos que nos permitem criar nossas próprias zonas imagéticas”. Por fim, na música ela aponta o álbum “You Want It Darker“, de Leonard Cohen. “É difícil pensar que ele se foi”, ela diz.

Joilson Santos (ativista cultural)

Joilson Santos

O músico, professor e ativista Joilson Santos indica o disco póstumo do rapper Sabotage, que leva o nome do autor, “Sabotage“. Joilson diz que “este é o grande disco brasileiro de 2016. Um disco póstumo feito a partir de diversos registros feitos há cerca de 13 anos. Além de ter uma produção de primeira, tem uma série de artistas participando do trabalho, o que torna ele ainda mais especial, porque soa também como um tributo a um dos maiores rappers brasileiro de todos os tempos. Enfim, um grande disco!”.

O filme “The Witch” é o eleito por Joilson como o destaque de 2016: “vi poucos filmes este ano, mas gostei muito desse filme, que saiu em diversas matérias como se fosse um filme de terror, mas tenho sérias dúvidas sobre essa classificação, porque tem muito mais a apresentar. Há, sem dúvida, uma boa dose de suspense e uma tensão permanente no ar que dura todo o filme, que segue num ritmo lento mas que prende a atenção do telespectador”.

Por fim, ele indica “A Tolice da Inteligência Brasileira – ou como o país se deixa manipular pela elite“, de Jesse Souza, como leitura do ano. “O livro trás ótimas reflexões sobre nossa sociedade.  A grande questão do livro é revelar que, muito mais do que a corrupção, é a concentração de renda que é o nosso principal problema. A mídia e os intelectuais estão a serviço da ocultação desse problema”.

Jânio Rêgo

Jânio Rêgo

O jornalista e Ex-secretário de Comunicação do município, Jânio Rêgo (autor do Blog da Feira) também destaca o filme brasileiro Aquarius como obra cinematográfica do ano. O longa conta a história de uma jornalista aposentada que defende o apartamento onde viveu a vida toda, do assédio de uma construtora. O plano é demolir o edifício Aquarius e dar lugar a um grande empreendimento.

Jânio parte para artistas feirenses ao indicar o trabalho musical da cantora e sambista Maryzélia e do poeta Zecalu, que está lançando o livro “Meio Poema Basta“, financiado através de uma campanha de crowdfunding.

 


Fique atento(a)! Nos próximos dias traremos mais dicas do que os feirenses ouviram/leram/assistiram em 2016!