A nostalgia é um sentimento presente em qualquer pessoa que transite pela Praça Bernardino Bahia. O clima bucólico do lugar remete qualquer um ao passado: ao seu redor já houve INSS, casarões e até um cata-vento. Os transeuntes mais jovens admiram as grandes árvores e o histórico coreto. Os mais velhos lembram dos tempos idos, quando as fotos de família eram registradas pelos famosos fotógrafos “lambe-lambe”, responsáveis pela popularização da oitava arte em diversas cidades brasileiras.
Fotógrafo “lambe-lambe” é o nome que se dá ao fotógrafo ambulante que exerce a sua atividade nos espaços públicos como jardins, praças e feiras. Existem diversas teorias sobre a origem do nome, uma delas é que os profissionais passavam a língua na foto após lavada para verificar se ainda havia a presença de um líquido utilizado na revelação.
Fomos até a Praça Bernardino Bahia documentar a realidade dos lambe-lambe da atualidade. A praça já concentrou 30 barracas, hoje resta pouco mais da metade – são 17 barracas, algumas delas fechadas. A presença dos fotógrafos no local se dá desde os tempos que a feira livre ainda acontecia no Centro. Na época, os fotógrafos cumpriam um importante papel, o de eternizar momentos de pessoas menos favorecidas que tinham dificuldade no acesso às tecnologias da época.
Atualmente já não é mais necessário passar a língua nas fotos, as câmeras analógicas foram trocadas pelas digitais e alguns revelam suas fotos com o auxílio de uma impressora específica, tudo isso na tentativa de se adaptar às novas tecnologias.
“Antigamente tirava 100 fotos por dia, hoje em dia tiramos de 10 a baixo. Isso se deve à tecnologia!”
Luiz Abreu é fotógrafo e chegou no local em 1984, quando comprou o box onde trabalha. Ele faz um desabafo sobre a atual situação: “Antigamente tirava 100 fotos por dia, hoje em dia tiramos de 10 a baixo. Isso se deve à tecnologia! Tenho que fazer outros bicos por fora para poder me manter, às vezes trabalho de pedreiro, às vezes de carpinteiro…”. Motivado pelo tio fotógrafo, começou a profissão com apenas 14 anos.
“O serviço aqui é bom, a profissão caiu bastante, mas a gente consegue fazer a feira com casamento, festa de 15 anos… O trabalho só aqui não dá, a procura por foto 3×4 caiu bastante. Aqui é um ponto de referência, deveria melhorar tudo, não temos banheiros, a praça está toda esburacada e somente 12 barracas funcionam, a perspectiva é só acabar”, nos revela Evandro, o dono do boxe de número 09. Ele também se queixa sobre a digitalização de fotos dos documentos oficiais, que, segundo ele, eram uma das razões que mantinham o ofício vivo.
Atualmente o ofício resiste em nome da tradição e da memória de um povo.
Intervenções do Poder Público
Diversas foram as tentativas de retirada dos “lambe-lambes” da Praça Bernardino Bahia por parte da Prefeitura Municipal. Em 2000 os fotógrafos foram realocados para outro local, e só voltaram para o seu lugar de origem em 2010. Alguns se queixam de dificuldades financeiras extremas durante esse período que estiveram fora da praça.
Recentemente algumas reuniões foram organizadas pelo Governo Municipal através da SETTDEC, onde ficaram acertadas melhorias nos boxes e no local. Contudo, apenas uma ação foi realizada, a instalação de uma cobertura nos boxes.
É uma praça muitoooooooooooooooooo importante e se encontra no centro.
Eu acho muito interessante 3 pontos:
– Reformar a praça, colocar 3 barracas de comidas típicas;
– Deixar um espaço para apresentações ao ar livre
– Melhorar muito a segurança do local!