A diversidade feirense se enriquece cada dia mais e diversos são os termos que caracterizam essa diversidade, um dos mais recentes é o termo “empoderamento”, que significa: “uma ação coletiva desenvolvida pelos indivíduos quando participam de espaços privilegiados de decisões, de consciência social dos direitos sociais”. Atualmente o termo representa diversas causas que lutam por seu lugar na sociedade, levando em conta a representatividade e a identidade cultural, chegando até a influenciar artistas mundialmente conhecidos, como é o caso da Beyoncé, que recentemente lançou o polêmico álbum audiovisual “Lemonade“, evidenciando a sua não tão nova face empoderada.
Apesar de não definir seu trabalho como empoderado (prefere definir seu trabalho como diferente), uma coisa que a protagonista desse artigo, Manuella Albertine, tem de sobra é empoderamento. Negra, fotógrafa, tatuada, politizada e visionária, ela nos contou um pouco mais sobre seu ativismo fotográfico, sua trajetória e outros assuntos pertinentes, como inspirações, dificuldades, preconceito e opiniões.
Manuella Albertine tem 23 anos, é estudante do curso de Design de Moda, nasceu em Niterói, mas vive em Feira de Santana há muitos anos, e como toda boa feirense radicada, ama nossa cidade. Começou seu interesse pela fotografia ainda adolescente e desde então não parou. “Comecei a me interessar por fotografia quando eu tinha 16 anos, que foi quando ganhei minha primeira câmera, eu fazia autorretratos e fotografava minhas primas e amigos. Com 17 eu já tinha um Flickr, que na época era a rede social que o pessoal mais usava para expor as fotos que fazia. Eu fiquei encantada com as pessoas que pude conhecer lá”.
“Com 18 eu ganhei uma semiprofissional, que eu pude começar a fazer ensaios, me entender, aceitar que eu queria ser fotógrafa e que queria levar aquilo como profissão. A maior dificuldade, principalmente aqui em Feira, é ter seu trabalho reconhecido. Lembro-me de quando eu comecei, eram poucas meninas na cena fazendo esse tipo de trabalho, somente eu e mais duas, a Laís Oliver, que não trabalha mais na área, e Hagnis Caize que fotografa até hoje, sendo que hoje em cada esquina de Feira você vê um fotógrafo ou um pseudofotógrafo, que acha que é fotografo porque aperta um botão, e isso dificulta o trabalho de quem realmente está na área. Eu me inspiro em coisas diferentes, gosto de coisas místicas, moda e pessoas, gosto de fotografar o amor em todas as formas possíveis”.
“Não entro em questões feministas, mas sei a diferença entre o que está certo e o que está errado”
Perguntada sobre a possibilidade de ter sofrido algum tipo de preconceito e sobre o lugar da mulher na sociedade, ela diz: “Eu não tenho relatos sobre casos de preconceito. De vez em quando eu vejo uns olhares duvidosos, umas viradas de rosto, uns buchichos, mas eu não ligo muito, porque cada um tem direito de pensar o que quiser, não falando diretamente para mim ou não deixando transparecer está tudo lindo! O empoderamento feminino demorou, mas chegou quebrando as barreiras de preconceito e machismo que estavam no caminho, colocando as coisas no lugar que sempre deveriam estar. Para muitos é difícil ver uma mulher no poder, é difícil saber e reconhecer que ela ganha mais que você, é difícil entender que ela é dona do seu corpo, que ela tem desejos e prazer como qualquer homem. Não entro em questões feministas, mas sei a diferença entre o que está certo e o que está errado, não taparia meus olhos e nem me calaria paras as coisas absurdas que acontecem”.
Além de audaciosa, é multifacetada. Faz todo tipo de clique, de ensaio fotográfico a cobertura de festa infantil. Um dos pontos que ela gosta de tocar é sobre a questão da quebra de padrões e conceitos. “Sempre fui muito individualista em relação ao meu trabalho, eu não gosto que ele possa ser igual ao de ninguém, eu gosto de coisas diferentes, temáticas diferentes, composições… Eu costumo enjoar muito fácil de coisas iguais ou que podem se tornar repetitivas, por isso eu tenho a necessidade de retratar sempre tentando inovar”.
Ela fala sobre a arte de fotografar, alguns planos para o futuro e finaliza dando algumas dicas para os iniciantes. “Ser fotógrafo é uma profissão maravilhosa, eu amo muito o que eu faço. No futuro quero me especializar em fotografia de moda e ensaios sensuais, fotografar mulheres, suas curvas, seus mistérios e o amor que cada uma delas tem por si. A melhor dica para quem está começando é estudar e praticar, isso amplia as chances de você ser um bom profissional. Quem não estiver disposto a se dedicar para fazer bem feito é melhor escolher outra coisa, porque tem dias que você tem que acordar de madrugada para fazer ensaio, tem dias que você dorme tarde ou até não dorme por ter virado a noite trabalhando na pós-produção, tem que trabalhar aos domingos, tem que encontrar cliente e por aí vai…”.
Se quiser conhecer um pouco mais do trabalho da fotógrafa, acesse o Flickr! Ela também está no Facebook.
Que trabalho maravilhoso, amei!