O mercado de trabalho em Feira de Santana pode ter, finalmente, chegado ao chamado fundo do poço em março de 2017. É o que, aparentemente, sinalizam os últimos números divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, o MTE. Em abril, depois de uma longa série de declínio, foi extraído um saldo positivo de 194 postos de trabalho. No mês seguinte, maio, houve novo respiro: 228 empregados a mais que desempregados no saldo.

O conjunto da obra no ano, no entanto, ainda é negativo: o saldo é de -859. Tudo por conta do primeiro trimestre, que sustentou o cenário nefasto registrado nos dois anos anteriores. Em janeiro, por exemplo, foram 513 empregos a menos; em março novo saldo negativo: -502. Desde então, o feirense viveu dois meses de trégua.

“Trabalhadores cujos segmentos vêm sendo vergastados pela crise seguiram sofrendo.”

A indústria deu parte do impulso da pausa que o governo alardeia como retomada: só na função de alimentador de linha de produção, foram 202 postos gerados no saldo; funções tradicionais também contribuíram, mas em menor escala, como serviços de limpeza e conservação de áreas públicas (97), auxiliar de escritório (76) e assistente administrativo (58).

Trabalhadores cujos segmentos vêm sendo vergastados pela crise seguiram sofrendo. É o caso dos pedreiros, que viram desaparecer mais 176 empregos; os chamados serventes de pedreiro, com 224 postos formais a menos no saldo; e os trabalhadores do comércio varejista – o mais atingindo no ano – com menos 302 oportunidades no saldo.

Retomada?

Desemprego em Feira de Santana

Conforme já mencionado, no ano, o saldo é negativo em 859 postos. Em dezembro, provavelmente, o desempenho vai ser menos ruim que em 2016 (-6.002) e que em 2015 (-6.595). Mas pode ser pior que em 2014 (-914), pois nada assegura que os saldos recentes vão se sustentar nos próximos meses. Sobretudo em função do imbróglio político cujo epílogo sequer se descortina no horizonte.

Até maio parecia que o mandatário de Tietê, Michel Temer (PMDB-SP), ia conseguir se consolidar na cadeira presidencial, após a manobra sórdida que apeou o petismo do poder. Vieram as inesperadas gravações da JBS e o governismo emedebista baqueou. Com o baque, vieram as dúvidas sobre a sustentabilidade da festejada retomada. E, com essas dúvidas, dúvidas adicionais sobre os efeitos no mercado de trabalho.

“Afinal, é difícil seguir apostando na retomada do crescimento – e, no caso do setor empresarial, coçar o bolso para investir – em meio a turbulências inéditas.”

Talvez junho reverta essa tendência de melhora, avaliam muitos analistas. Afinal, é difícil seguir apostando na retomada do crescimento – e, no caso do setor empresarial, coçar o bolso para investir – em meio a turbulências inéditas. Pior que as turbulências, no entanto, são os prontuários dos incontáveis envolvidos nas maracutaias que estão sendo revolvidas.

Mas não deixa de ser um alento que, pelo menos, a situação talvez pare de piorar. Isso muito mais em função do estágio a que a economia chegou que, propriamente, aos autopropalados méritos de Michel Temer e de sua trupe, que ainda controla os destinos do país.