Faz tempo que os artistas e entidades de Feira de Santana não são valorizados. Houve uma época que estes eram vistos com mais carinho. Infelizmente, nos últimos anos, o quadro é bem diferente. Os depoimentos dão conta de que vinha sendo um verdadeiro calvário conseguir uma vaga para tocar na festa. Em algumas oportunidades chegamos ao cúmulo de “bilhetinho” de vereador servir como passaporte para quem queria apresentar-se. Outra queixa é sobre a demora de receberem o cachê, por sinal, magro.
Bem verdade que alguns sempre foram privilegiados, haja vista que esse fato envolve várias coisas – como a turma da bajulação e outras coisitas. Mas é bom ficar claro que nem sempre a culpa é da Prefeitura, pois muitos não se dão o respeito, quando não se valorizam e aceitam qualquer valor. Assim sendo, não têm do que reclamar.
Vale lembrar que existe uma lei municipal que obriga a contratação de 70% de artistas locais. Ouço de alguns que não protestam por medo de retaliação, coisa que não posso afirmar. Aprendi que se a gente não se valoriza, ninguém o fará.
“Por conta disso, o concorrido desfile de outrora, praticamente sumiu do cenário, principalmente depois que inventaram o ‘Circuito Quilombola'”.
Uma turma que precisa rever seus conceitos são algumas escolas de samba e afoxés. Estas agremiações sempre tiveram ajuda financeira e pelo visto se perderam na hora de prestar contas. Por conta disso, o concorrido desfile de outrora, praticamente sumiu do cenário, principalmente depois que inventaram o “Circuito Quilombola” que mais parece a diáspora da negritude feirense.
Outro bloco que conseguiram liquidar foi o Zero Hora, entidade destinada aos profissionais de imprensa e convidados. Lembrar dessa agremiação me traz lágrimas. Saíamos com banda de fanfarra, a camisa sempre trazia uma sátira que chamava a atenção de quem assistia, sem contar que não tinha fins lucrativos. Cheguei a ver gente disputando de forma ferrenha a preciosa indumentária. Do nada, aparece alguém que acha de mudar a característica, botando trio elétrico e até banda de arrocha.
Numa dessa, Gerônimo, um ícone do Axé Music, passou o constrangimento de tocar para treze pessoas; ou melhor, treze testemunhas, ratificando a decadência total da entidade.