Em São Paulo-SP, existe uma motocicleta para cada 15 habitantes. Em Salvador, são 22 habitantes para cada motocicleta. Em Aracaju, para cada motocicleta, há 10 habitantes. Em Feira de Santana, são apenas 6 habitantes por motocicletas.
A quantidade de motonetas, motos dirigidas pelo condutor em posição sentada, em Feira de Santana chama ainda mais a atenção. No ranking nacional, de acordo com dados do DENATRAN (2016), Feira fica atrás apenas de seis capitais na quantidade de motonetas. Estamos à frente de metrópoles como Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Fortaleza.
São mais de 18 mil motonetas contabilizadas no município. Para completar o cenário, ainda faltam o número dos ciclomotores, não divulgados pelo DENATRAN, que são motos que não passam de 50 cilindradas (as chamadas “ciquentinha”). Mas basta observar o trânsito da cidade para perceber o quanto esses veículos inundam as ruas de Feira de Santana.
Alternativa ao transporte público
No momento em que taxistas, mototaxistas, motoristas Uber e ligeirinhos disputam os clientes que evitam utilizar o transporte público do município, as motos de baixa cilindrada se tornaram uma alternativa economicamente interessante e mais independente.
De acordo com o gerente de vendas de uma das maiores concessionárias de motocicleta da cidade, Murilo Cedraz Souza, a crescente na venda de motocicletas que variam de 50 a 125 cilindradas é forte por dois pontos significativos: preço e forma de pagamento. “Um ponto que chama a atenção e atrai o cliente é o valor do transporte e a forma de pagamento, que chega a ter parcelas de R$78,00 ao mês”.
“A não obrigatoriedade da carteira de habilitação para as cinquentinha também impulsionou a venda acelerada, sem falar no desgaste dos passageiros com a má qualidade do serviço prestado pelo transporte público na cidade”, diz ele Murilo.
Infelizmente não temos um transporte público com preço acessível.
Mônica Valente, vendedora feirense, contou a nossa reportagem que decidiu comprar seu veículo por dois motivos. O primeiro é a instabilidade do transporte público, e, o maior de todos, que foi pelos valores abusivos das passagens na cidade. “Pelo valor que gastava de vale transporte e o desconforto que tinha ao pegar o coletivo foi mais viável encarar um financiamento, pois além de pagar a prestação da moto, ainda abasteço com o dinheiro do vale transporte”, destacou.
Já o estudante de medicina veterinária Jorge Alan Pitanga também aponta o fator econômico. Ele diz que decidiu comprar sua motocicleta a partir do momento que fez as contas de quanto gastava de transporte, e quanto pagaria de gasolina e da parcela mensal do financiamento. “Infelizmente não temos um transporte público com preço acessível. E o mesmo não tem estrutura para circular na cidade, por isso resolvi comprar meu próprio veículo”.
Consequências no trânsito
O superintendente de trânsito de Feira de Santana, Mauricio Carvalho, afirma que a quantidade volumosa de motocicletas faz com que o trânsito em Feira de Santana tenha dificuldade de fluir. Outro problema, segundo ele, é que a maioria dos condutores não possuem noção de direção defensiva, o que acaba ocasionando um grande número de acidentes.
“Feira de Santana é uma cidade plana, portanto as motos de baixa cilindradas não tem dificuldade de andar na cidade, porém, a quantidade crescente faz com que o trânsito não desenvolva como deveria”, salienta.
A Prefeitura Municipal de Feira de Santana, neste momento, está desenvolvendo o sistema de Bus Rapid Transport (BRT) no município, com a promessa de otimizar o transporte público na cidade.