Nivaldo Cruz é administrador, professor do Ensino Superior e radialista. Define-se como um divulgador da boa cultura nordestina, um brincador de palavras e um escrevinhador de versos. Escreveu 3 livros de poesia, “Poesias” (1991); “Istóras de Cantadô” (1992); ” Êh!Bahia Iá – Iá” (1993) e “Causos du Sertão”(2007). Desde de 2013 apresenta e produz na Rádio Subaé AM Feira de Santana o programa “Oxe, Oxente”, que tem como finalidade divulgar a cultura nordestina em toda sua extensão.

Leia a seguir o poema “Precisa-se de simplicidade”, de Nivaldo Cruz:

 

“Num troco o meu oxente, pelo oquei de ninguém.”
(Mote inspirado na frase de Ariano Suassuna)

Nordeste é terra bonita
Pra mim de muito valor
A natureza com esplendor
Em sua bondade infinita
Deu beleza inrrestrita,
Que outro lugar num tem,
Deu gente boa também,
Por isso digo e sou crente,
“Num troco o meu oxente,
Pelo oquei de ninguém.”

Ser nordestino é ter raça
Ser honesto sim sinhor,
E suportar com fervor
Todo tipo de ameaça,
Não se importar com pirraça
Daquele que faz desdém
Do que ele tanto quer bem,
E diz sendo cabra decente,
“Num troco o meu oxente,
Pelo oquei de ninguém.”

Quem ama o seu Nordeste
Ver beleza no tudo,
Diz que é bem sortudo
Quem nasceu no agreste,
Quem é cabra da peste,
Quem pro outro só quer bem
Nordestino é alguém
Por isso digo alegremente,
“Num troco o meu oxente,
Pelo oquei de ninguém.”

Mocofato, pimenta e cuscuz
Com uma lapada de cachaça,
Deixa todos em estado de graça
São das coisas que muito seduz.
Desse nosso Nordeste de luz,
De calor e amor por quem vem
De navio, avião, carro ou trem,
Ele é bondoso pra toda essa gente,
“Num troco o meu oxente,
Pelo oquei de ninguém.”

A seca é o grande mal
Que persegue o nordestino
Mata velho e menino,
Acaba planta e animal,
Mas isso é o natural
E todos sabem muito bem
Que pode demorar, mas vem,
Mesmo assim se segue rente,
“Num troco o meu oxente,
Pelo oquei de ninguém.”

Político ladrão tem por demais
Se aproveitando do pobre
E arrotando ser nobre,
Parencendo Barrabás,
Tem parte com Satanás,
Lá isso sim eles têm ,
No Nordeste tem também.
Mesmo com esse tipo indecente,,
“Num troco o meu oxente,
Pelo oquei de ninguém.”

Toda cultura tem valor
Isso bem sei e acredito,
Por isso mesmo eu insisto
Em se valorizar com fervor,
Cada uma tem seu louvor,
A minha também o tem
E tá recheada com o bem,
Que é natural dessa gente,
“Num troco o meu oxente,
Pelo oquei de ninguém.”

O meu falar é cantado
Pois sou filho do nordeste,
Nascido cabra da peste.
Nesse lugar afamado
Sofrido, mas bem amado
Por tudo que ele tem,
Por sua gente também,
Por isso sou tão contente,
“Num troco o meu oxente,
Pelo oquei de ninguém.”

Mas essa tal globalização
Tá chegando virada na peste
Querendo acabar com o nordeste,
Querendo destruir o meu sertão,
Tem é parte com o cramunhão,
E com lucifer também tem,
É o mal que chegando vem
Querendo mudar minha gente,
“Num troco o meu oxente,
Pelo oquei de ninguém.”

Enquanto existir nordestino de verdade
Nossa cultura está muito bem garantida
Nossa raiz sempre será mantida,
Apesar de toda essa maldade
Que destila o veneno da inverdade,
Desqualificando a beleza q’ela tem
E valorizando a cultura de outrem,
Derrespeitando o nosso sertão quente,
“Num troco o meu oxente,
Pelo oquei de ninguém.”

 


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(Foto de capa: Dilson Santos)