Já passado alguns meses do lançamento do filme feirense de Tiago Rocha, que gerou assunto durante um bom tempo e lotou praticamente todas as sessões enquanto esteve em exibição, o longa, embora já fora dos cinemas, ainda tem muito que falar. E não me refiro exclusivamente aos temas abordados no enredo. Como violência doméstica, abuso, estupro etc. Mas, também, sobre o nosso olhar sobre Feira.

Porque eu te amei é uma espécie de grito da classe artística feirense. Uma produção independente, envolvendo profissionais e entusiastas da cidade, lançada por aqui de maneira honrada e reconhecida – principalmente por quem duvidou. E essa dúvida é uma parte extremamente importante por trás de toda concepção do trabalho. Feira de Santana produzindo um filme “de verdade”? Sério? Sério. Foi feito. Saiu. E mostrou algo que era mais do que necessário: a própria Feira de Santana.

“Em determinados momentos nem sequer parece o lugar onde vivemos.”

Feira se configura praticamente como um personagem dentro do filme. Em determinados momentos nem sequer parece o lugar onde vivemos. E isso é muito bom! Assim podemos enxergar o outro lado da moeda. Um lugar que tem um pôr do sol bonito e não só o estresse do trânsito. Um lugar quem tem paisagens a serem contempladas e não somente obras urbanas inacabadas. Um lugar que tem contraste entre o natural e urbano à beira da Lagoa Grande. Mas, principalmente, um lugar que tem artista!

Centro Universitário de Cultura e Arte - CUCA

Por isso ele é um grito. Feira não é antiquada, desengonçada, sem cultura. Feira só é mal aproveitada. Temos uma porrada de artistas apenas esperando a oportunidade de fazer algo relevante e as pessoas notarem. O CUCA é um celeiro de grandes atores e atrizes, dentro das faculdades temos inúmeros escritores, cineastas, fotógrafos. Sem contar os diversos artistas de rua que vivem da arte e pela arte. Não é vagabundagem. É cultura!

Precisamos, de maneira individual, social e principalmente política notar as virtudes da terra, pôr a mão no arado e plantar sementes que irão frutificar rumo às novas faces do futuro feirense. Feira não é só comércio. É cultura, também. Apoie seu amigo artista, invista, divulgue. Tudo bem se isso for nadar contra a correnteza. A arte e a cultura sempre fizeram isso. Que o grito artístico da cidade continue a ecoar e que mais ‘Porquês eu te amei’ surjam mostrando que Feira tem algo para dizer.