Na Grécia Antiga, as cidades (polis) possuíam suas Ágoras, uma espécie de praça onde, além de outras práticas, os debates sobre os assuntos de interesse da cidade eram discutidos publicamente. O historiador francês Gustave Glotz descreveu como poucos o cenário da Ágora:

“Aí palpita durante todo o dia a vida política, social e econômica da grande cidade. Nas extremidades da praça erguem-se as repartições dos magistrados, com os editais que atraem os curiosos. A multidão abriga-se debaixo dos pórticos de finas colunatas. Passa diante dos frescos do ilustre Polignoto e aflui aos ‘hermes’, onde os homens de negócio debatem as cotações, os interessados pela política discutem a ordem do dia da próxima assembléia, os basbaques ouvem os pregoeiros públicos, os ociosos cavaqueiam, agitando os seus bordões nodosos, os jovens elegantes fazem flutuar com gracilidade as pregas das suas compridas túnicas brancas.”

Certamente o Ocidente herdou essa tradição política, arquitetônica e comercial, descentralizando o que a Ágora concentrava. Criamos as feiras, as câmaras de vereadores, os mercados populares e os debates públicos. Estes últimos ficaram muito conhecidos no Brasil com a criação dos “cafés filosóficos”, principalmente por causa dos eventos criados pela CPFL Cultura, com a presença de grandes nomes do pensamento contemporâneo brasileiro.

Em Feira de Santana, de forma bastante original, também temos uma expressão da antiga Ágora, através do Chá de Conversa e Som, organizado pelo artista plástico e percussionista Gabriel Ferreira, pelo historiador e mestre de capoeira angola Bel Pires (Grupo de Pesquisa Populações Negras/Uneb), pelo radiojornalista e coordenador da TV Olhos D’Água (UEFS), Elsimar Pondé e pelo artista visual Edson Machado. Eles compõem o Coletivo Chá, e já realizaram 15 edições do evento – que é recebido por vários espaços de Feira de Santana, mas sempre debatendo publicamente temas de relevância histórica, política e cultural para a polis.

Discussão sobre a Independência da Bahia

O próximo chá trará à discussão o tema “Independência da Bahia: entre o histórico e o simbólico”, com a presença do historiador Sérgio Guerra, professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

A atividade será realizada na próxima sexta-feira (24), a partir das 19h30, no Museu de Arte Contemporânea (MAC). Além do debate, serão exibidos vídeos produzidos pela TV Olhos D’Água referentes à temática.

Adicionando um elemento artístico ao encontro, o Chá tem a peculiaridade de trazer atrações musicais de qualidade, e nessa 16º edição o som ficará por conta de Jefferson Moura e Matheus Mathyara, que além de canções autorais, interpretarão releituras de composições que possuem correlação com a história da Bahia.

O Chá de Conversa e Som é sempre uma grande oportunidade de aprender, debater, dialogar e se divertir.

Recapitulando:

O que: Chá de Conversa e Som – 16ª edição.
Quando: Sexta-feira, 24 de julho de 2015, às 19h30.
Onde: MAC – Museu de Arte Contemporânea – Rua Geminiano Costa, nº 255, Centro, ao lado da Biblioteca Municipal – Feira de Santana.
Realização: Coletivo Chá.
Entrada, chá e torrada: Gratuitos.