Cebolão é uma das afinações utilizadas na viola. Segundo conta o povo, o nome foi escolhido porque, ao ouvir o som da viola tocando nesta afinação, a beleza dos acordes fazem com que as mulheres chorem como se estivessem descascando cebolas.
Possuindo dez cordas, quatro a mais que o violão, a viola é um instrumento com grande simbologia cultural, e origem histórica que remonta ao Egito Antigo. Do Egito para os nômades árabes, da Arábia para a Espanha (durante a invasão dos mouros), da Espanha para Portugal e de Portugal para o Brasil, se tornando um instrumento tocado em praticamente todas as regiões do país – dos caipiras do centro-oeste e sudeste aos nossos repentistas nordestinos.
Aliás, diz-se que Gregório de Matos, o Boca do Inferno (Bahia, 1633-1693) e o Padre Domingos Caldas Barbosa (Rio, 1738 – 1800) são os precursores da cantoria de viola no Brasil. Os dois, bons poetas, teriam sido cantadores de modinhas ao som da viola. Independentemente do apadrinhamento histórico, o fato é que, chegando ao Brasil, a viola foi aceita, disseminada e expandida. Para se ter ideia, das aproximadamente nove afinações advindas de Portugal ao Brasil, algo como quinze outras aqui se desenvolveram.
O cordel e o repente
No Nordeste, a viola se relaciona com dois outros elementos culturais relevantes: o repente e o cordel.
O cordel é um tipo de poema popular impresso em folhetos rústicos, geralmente ilustrados, expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis, o que deu origem ao nome originado em Portugal, que tinha a tradição de pendurar folhetos em barbantes. No Brasil o nome foi mantido, e os cordéis continuam sendo encontrados em várias feiras-livres. Esses poemas dos cordéis podem ser musicados, e a viola sempre é um elemento que acompanha na cantoria.
A viola nordestina também é muito comum no repente, uma outra expressão poética da nossa região, que, como o próprio nome revela, tem seus versos criados no momento de sua apresentação. São muito comuns disputas públicas de repentistas, como a do vídeo a seguir:
Festival de Violeiros em Feira de Santana
Para os feirenses, uma grande oportunidade de entrar em contato com essa cultura será no próximo dia 22 de agosto, sábado, quando ocorrerá a 41ª Edição do Festival de Violeiros do Nordeste, no teatro do CUCA (19 horas).
5 duplas concorrerão aos troféus da noite, tendo cada dupla 20 minutos para sua apresentação, sendo 5 minutos para uma sextilha, 5 para um mote setissílabo, 5 para um mote decassílabo e 5 minutos para um gênero especial. Os assuntos (tema do repente) serão sorteados no momento da apresentação e serão produzidos pela comissão de produção do festival.
Uma das presenças confirmadas é do célebre Bule-Bule, cordelista e repentista de referência no Brasil. Veja uma pequena demonstração de sua arte:
Além de Bule-Bule, farão parte do Festival: Antônio Maracujá e Nadinho, ambos de Riachão do Jacuípe, Paraíba da Viola (radicado em Conceição do Coité) e Davi Ferreira, de Ichu (BA), João Bezerra (paraibano radicado em Canindé do São Francisco, em Sergipe) e Antônio Queiroz, de Serrinha (BA), Rafael Neto (sergipano residente em Paulo Afonso (BA) e Leandro Tranquilino, de Candeal, residente em Lauro de Freitas (BA), João Lourenço e Luciano Leonel, ambos de Caruaru (PE) e João Ramos, de Feira de Santana.
Com entrada gratuita, o evento conta com a organização da AVTB (Associação dos Violeiros e Trovadores da Bahia) e apoio do CUCA-UEFS, e Prefeitura Municipal de Feira de Santana.
Recapitulando:
O QUÊ: 41ª Edição do Festival de Violeiros do Nordeste
ONDE: Teatro do CUCA
QUANDO: 22 de agosto de 2015 (sábado), às 19h.