Hoje iniciamos mais uma série de publicações no Feirenses, dessa vez falando de tradicionais galerias e centros comerciais de Feira de Santana. A ideia é devassar esses lugares que reúnem modalidades diversas de oferecimento de produtos e serviços. Alguns deles são referências históricas, e trazem em seus corredores e prateleiras elementos culturais importantes.

A primeira publicação é sobre o Centro Empresarial Mandacaru. Confira…

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Não há outra planta que mais simbolize a resistência sertaneja do que o mandacaru, uma cactácea que resiste à seca e serve de comida ao gado mesmo em tempos sombrios de estiagem. O nome cai bem a uma das mais antigas e tradicionais galerias de lojas de Feira de Santana, o Centro Empresarial Mandacaru, localizado na Rua Conselheiro Franco, número 200, se extendendo até a Filinto Bastos (sua lateral toma o passeio inteiro da rua Deputado Melo Lima).

Tal qual o Mandacaru, o Centro Empresarial resiste, após algumas décadas de funcionando, sem o glamour  nem a tecnologia dos shoppings contemporâneos. Por lá encontra-se uma variedade de estabelecimentos: lanchonetes, sapatarias, salões de beleza, consultórios, lojas de presentes, escritórios de advocacia, agências de empréstimo e consultórios.

Pintado com uma desgastada tinta bege, à frente do prédio encontram-se vendedores ambulantes de produtos diversos. Destaque para uma banca de CDs, DVDs e vinis originais usados, com relíquias pouco encontradas até mesmo em sebos tradicionais.

No Mandacaru, ao todo, são sete pisos, todos compostos de apenas um corredor amplo, bem ventilado e iluminado pela luz que passa nas largas janelas com preenchimento de vidro. Algumas dessas janelas oferecem bela vista da cidade.

Centro Mandacaru

Corredor do Centro Mandacaru

Corredor amplo do Centro Mandacaru

Janela no Centro Empresarial Mandacaru

Vista da janela no Centro Empresarial Mandacaru

Nos andares superiores concentram-se escritórios de advocacia, a maioria deles sem nenhum movimento, a não ser uma secretária com cara de pouco interessada arrumando papéis, olhando para quem passa por cima dos óculos. Ao que parece, ali trabalham advogados da velha guarda, com pouco ou médio prestígio, como um barbudo de suspensórios que despachava de portas abertas, enquanto um ventilador abanava-lhe a cara.

Alguns desses escritórios são verdadeiros antiquários, onde ainda utiliza-se máquinas de escrever.

Escritório no Centro Mandacaru

Mais uma evidência da vocação do Centro Mandacaru para a antiguidade é a existência de uma sala com o designativo do Clube de Campo Cajueiro (CCC), que fez história em Feira de Santana pelas festas que promovia.

Centro Mandacaru

Clube de Campo Cajueiro

Etiqueta do Clube de Campo Cajueiro em uma sala do Mandacaru

Os dois pisos do subsolo já não têm o mesmo clima dos andares superiores. Boa parte das salas está desocupada ou abandonada, e o cheiro de cigarro misturado com mofo toma conta de alguns setores do ambiente, lutando com o aroma do cozido de um restaurante já na saída do prédio.

Uma sala abandonada no Centro Mandacaru

Uma sala abandonada no Centro Mandacaru

Centro Mandacaru

O subsolo do Centro Empresarial Mandacaru

Um dos trabalhadores do lugar, seu Francisco, que está no Centro Mandacaru há 20 anos, diz que o prédio tem entre 60 e 80 anos. A seguir, um anúncio antigo de jornal do Centro Mandacaru:

Centro Empresarial Mandacaru

Visitar o Centro Mandacaru é entrar em contato com o antigo, o decadente e o tradicional. É perceber a existência de uma Feira de Santana sem badalação, empoeirada, vivendo do pouco que o cotidiano pode dar.

Para coroar a experiência, vale se despedir com o clássico café em copo americano, servido na principal lanchonete do Mandacaru (que também oferece cuscuz com ovo e cuscuz com ensopado). Custa apenas 80 centavos.

Café do Centro Mandacaru

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