Em Feira de Santana existe certa tendência empreendedora que se apoia na negação da cidade como estratégia de sucesso. A ideia é representar um ideal moderno e estrangeiro dissociado das raízes históricas e culturais de Feira, e, não raro, cobrar mais caro por isso.
Daí surge a necessidade da valorização de iniciativas que, na contramão do modismo sem legitimidade cultural, afirmam Feira de Santana no seu modelo de negócio, trazendo não só bônus econômicos para o município, mas também o fortalecimento de uma identidade genuinamente feirense. É o caso da Cervejaria Sertões, que vem se tornando referência em cervejas artesanais em Feira de Santana e fora da cidade.
Matheus Barros, sociólogo e um dos sócios da Cervejaria, explica um pouco do conceito por trás da Sertões: “A Cervejaria Sertões é uma inciativa para a cidade. Todos os nossos rótulos falam sobre Feira de Santana e seus processos modernizadores. Nossa perspectiva estética e identitária está permeada por esse nosso desejo de falar do nosso lugar, da nossa cultura, do nosso povo. Os rótulos iniciais que lançamos falam sobre uma Feira em transformação, uma Feira que entra no jogo do ‘progresso’. Na história que contamos nos rótulos respeitamos a diversidade do nosso povo, tal como os símbolos que fizeram/fazem parte da nossa história. Falar sobre Feira é a nossa estratégia de mercado!”.
A Cervejaria Sertões trabalha atualmente com quatro rótulos – todos com temáticas feirenses. Dois deles falam de históricos espaços de divertimento em Feira: o Cassino Irajá e a Sorveteria Sueto. Os demais fazem referência ao trabalho “Voodoo”, da banda feirense Clube de Patifes e ao Fluminense de Feira, uma inovação e tanto para o mais tradicional clube feirense de futebol.
“Foi nessa caminho que decidimos lançar a cerveja oficial do Fluminense de Feira (o único time da Bahia a ter uma cerveja oficial, e um dos poucos do Brasil). Brincar com esse imaginário, um imaginário tão forte quanto o do Fluminense, é trazer à tona lembranças e signos que estão intrincados nos feirenses. Quando eu era pequeno meu pai sempre me levava ao estádio. Isso ocorreu com muitas pessoas! A vivência do futebol, o contato com outras pessoas despertou uma paixão que, necessariamente não se resume ao time, mas, sim, a uma cidade que proporciona nossas experiências de vida. Sou um amante da Feira!”, diz Mateus entusiasmado.
No início deste ano a Sertões passou por um processo importante de expansão, abrindo seu próprio bar, onde vende as cervejas autorais, outras cervejas baianas e rótulos especiais conhecidos nacional e internacionalmente. Matheus promete novidades em breve: “Nossa próxima linha falará das subalternidades, de uma Feira que tenciona”, diz ele lembrando que lugares como o Cassino Irajá e a Sorveteria Sueto eram frequentados pela elite feirense.
O Bar da Cervejaria Sertões fica na Avenida Santo Antônio, nº 870, bairro Ponto Central. Além das cervejas artesanais, o espaço oferece drinks especiais e um cardápio de pratos variados.
“Precisamos lidar com nossas memórias, temos que conhecer o nosso passado, tudo isso permite ter outra relação com a cidade, com as pessoas. Feira de Santana precisa, cada vez mais, de feirenses!”, finaliza Mateus, um apaixonado por Feira de Santana.
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