Clóvis Ramaiana é um dos mais aguçados analistas da realidade cultural de Feira de Santana. Professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Doutor em História pela UnB, Clóvis descreve-se de forma peculiar: “Nasci em Feira de Santana, sertão da Bahia. Mas o nascimento cultural, aquele que comecei a me fazer com minhas mãos, foi na sertaneja cidade de Tanquinho. Ali produzi a minha pré-graduação com as cantigas da passarinhada, ao sabor da chuva boa, ouvindo narrativas de mil narradores talentosos, com o cheiro do requeijão fresco, vendo boi-roubado, samba-de-roda, bata-de-feijão. Sou sertanejo de um lugar/Tanquinho!”.
Clóvis graduou-se em História pela UEFS e realizou seu mestrado na Universidade Federal da Bahia, dando o seguinte título à dissertação: “De empório a Princesa do Sertão: utopias civilizadoras em Feira de Santana (1893-1937)”. No Doutorado, Feira volta a ser tema do pesquisador, num estudo sobre a cidade entre as décadas de 1920 e 1960. O trabalho tornou-se tão importante para quem pesquisa Feira de Santana, que Clóvis foi um dos vencedores do prêmio Prêmio Katia Mattoso de História da Bahia, que editou a tese em um livro.
“Gosto de pesquisar cidades, de me perder por elas, as relações entre literatura e história, a poesia como forma narradora, o sertão como imenso mundo a ser transformado.”
A tese “Canções da cidade amanhecente: urbanização, memórias e silenciamentos em Feira de Santana, 1920-1960” trata da urbanização de Feira de Santana entre os anos de 1920 e 1960, percebida pela relação entre memória e esquecimento. Esse, aliás, é um tema muito abordado por Clóvis em suas análises sobre a cultura local: o pouco apreço feirense à preservação de suas raízes históricas.
Para ele, o que chama de “culto ao Deus progresso” é uma das razões da repressão à autenticidade histórica do município. Clóvis vê uma Feira que, embora se proclame urbana, possui ricas manifestações rurais, que não são necessariamente assumidas nos discursos oficiais e nas prioridades políticas.
Clóvis Frederico Ramaiana Moraes falou à Feirenses TV, com toda poesia e perspicácia que lhe é peculiar. Imperdível:
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