Está aberta a Edição Especial da Casa Cor Bahia 2015, a maior mostra de decoração da América Latina, que seleciona e apresenta conceitos de arquitetura, decoração e paisagismo nas principais cidades do país. Neste o ano o evento acontece no Solar das Rosas, em Salvador, sede das Voluntárias Sociais da Bahia. São 32 profissionais das áreas de arquitetura, design de interiores e paisagismo, projetando 22 ambientes com o tema nacional da mostra: Brasilidade – O Brasil visto por dentro.

A feirense e designer de interiores Lydi Siqueira é uma das selecionadas, e assina um Lavabo Público inspirado na índia Catarina Paraguaçu – considerada, por alguns “a mãe do Brasil“.

Feirense na Casa Cor

De origem Tupinambá, Catarina Paraguaçu casou-se com o europeu Diogo Álvares Côrrea, para os índios, “Caramuru – Deus do Fogo”, que se inseriu entre os nativos após um naufrágio e se tornou uma espécie de “cacique branco”. Dizem que Diogo conseguiu impor-se perante os indígenas desde que disparou para o ar uma arma de fogo, desconhecida dos índios, os quais, muito assustados, se prostraram a seus pés, chamando-o desde então, de “Caramuru”.

Muitos consideram o casamento de Paraguaçu com Diogo o marco de formação da primeira família cristã no Brasil, já que Catarina (nome que adquiriu na França, em viagem com o marido), aderiu ao cristianismo, a ponto de ter sido responsável pela construção da capela que deu origem à Igreja da Graça, área doada por ela ao Mosteiro de São Bento, parte da vasta terra que pertencia à família, que envolvia, inclusive, a região do Campo Grande onde acontece a Casa Cor Bahia 2015.

O Lavabo Público

O lavabo de Catarina Paraguaçú

Composto de uma ante-sala e área privativa, no ambiente monocromático predomina o tom de vermelho do urucum e pau-brasil, usado pelos índios para pintar o corpo. Essa e outras referências se reúnem em um cenário que retrata o possível “toilette” de Catarina Paraguaçu durante sua estadia na França, após o casamento, por volta de 1530.

Lydi Siqueira explica o trabalho: “Culturalmente, os franceses possuem uma relação diferente com o banheiro. O ambiente é decorado e deve refletir a personalidade do dono da casa, já que todos visitantes possuem acesso livre a ele. Então, a minha ideia foi recriar o banheiro de Catarina Paraguaçu através de uma viagem no tempo. Quem entra no toilette encontra boiserie, rosetas e elementos da arquitetura francesa da época decorados aos olhos de uma índia brasileira que imprimiu nele sua cor, seu ouro e sua madeira – evidenciando que muito do luxo com os quais os europeus eram agraciados vinham, na verdade, do seu Brasil”.

A arquitetura das principais igrejas de Salvador se transformam em telas através do traço do artista plástico Uby Maia. O conjunto de nove quadros evidenciam a devoção de Catarina pelo cristianismo, já os espelhos fazem simbologia ao artefato que ajudou a tornar amistosa a relação entre índios e europeus. Uma tela do também artista plástico e arquiteto, Fred Andrade, se destaca no espaço como um cartão postal pintado com tinta natural. A obra é levada ao ambiente para representar a mistura de lembranças de Catarina que formam uma ave em metamorfose insinuando também as mudanças que a própria índia vivenciava. “Diferente do usual, onde trazemos a influência francesa ao Brasil, a proposta do ambiente é levar as referências brasileiras através da perspectiva da índia que descobriu a Europa”, diz Lydi.


 

Para conferir o trabalho da feirense Lydi Siqueira visite a Casa Cor:

O quê: Casa Cor Bahia 2015.

Onde: Salvador-BA (Solar das Rosas, Campo Grande)

Quando: Até o dia 08 de dezembro.