Filinto Justiniano Ferreira Bastos nasceu em Feira de Santana, no dia 17 de dezembro de 1856, sendo filho do português João Justiniano Ferreira Bastos e de D. Maria Alvina de Oliveira Bastos, os quais lhes deixaram órfão ainda nos primeiros anos de vida.

Filinto Bastos foi criado por Quitéria Florência dos Anjos Bastos, sua tia e madrinha. Entretanto, sua mãe e pai, ao falecerem, deixaram condições materiais o suficiente para que o pequeno garoto se dedicasse aos estudos como a ele era desejado.

Como muitos jovens de sua época, iniciou seus estudos no Seminário menor de Feira de Santana – sob as orientações do Padre Ovídio. Em seguida, transferiu-se para o Seminário de Santa Teresa, em Salvador, onde, em 1875, concluiu o curso de humanidades.

Sentindo-se sem vocação para a vida religiosa, decidiu estudar Direito, o que o conduziu à Faculdade de Direito de São Paulo, em 1878. Seus anos em São Paulo são intensos. Participa ativamente da imprensa acadêmica, especialmente como redator do periódico “A Reação”, que é o jornal vinculado ao Círculo dos Estudantes Católicos, liderado pelo acadêmico Rafael Correia da Silva Sobrinho.

Além disso, Filinto Bastos é um veemente defensor da abolição da escravatura, então ainda vigente no país. É um dos formadores da Sociedade Emancipadora Acadêmica, o primeiro grupo abolicionista organizado na Faculdade de Direito. Cabe lembrar, ainda, que Filinto Bastos é contemporâneo de grandes nomes da cultura brasileira da virada do século, período de extrema efervescência cultural na escola de São Paulo. São seus colegas o futuro jornalista Júlio de Mesquita e o famoso poeta Raymundo Corrêa.

Lembra o professor feirense Bel Pires, em artigo publicado sobre Filinto Bastos:

“A Emancipadora Acadêmica de São Paulo, como era intitulada essa sociedade abolicionista, atuava na aquisição de manumissões para homens e mulheres escravizadas, ou seja, a aquisição de recursos para a compra de alforrias. Uma das atividades de maior importância desenvolvida por eles eram as chamadas “Conferências Emancipadoras”, as quais contavam com a realização de saraus literários e participação de figuras notórias do abolicionismo paulista, a exemplo do aclamado baiano e abolicionista negro Luiz Gama (1830-1881). Filinto Bastos, através da atuação da Emancipadora Acadêmica teve contanto com nomes importantes da campanha abolicionista que com ele mantinha relações, principalmente por conta de ser Filinto e seus colegas adeptos da abolição imediata, postura que causava desconforto no meio político e senhorial. Além de Luiz Gama, a Emancipadora Acadêmica contava ainda como membro de honra, o ilustríssimo ativista Joaquim Nabuco (1849-1910), autor de vasta obra política e intelectual sobre o abolicionismo.”

Concluído o quarto ano de Direito, transferiu-se para a Faculdade de Direito do Recife. Ali também integrou-se ao Clube Abolicionista, do qual era orador. A seguir, um dos discursos que o feirense proferiu em solo pernambucano, em 1882:

De volta à Bahia, em 1882, recebeu o diploma de bacharel e já no ano seguinte foi nomeado para a comarca de Camisão (atual Ipirá). Em 1884 assumiu o cargo de Juiz Municipal da mesma Comarca.

Com o advento da República ocorreram muitas mudanças na magistratura. Graças ao renome de que desfrutava, ao prestígio que adquirira, foi nomeado Juiz de carreira e designado para a comarca de Caetité. Em seguida, serviu em Caravelas e Amargosa.

Em 1892 foi promovido para Salvador como juiz de Primeira Entrância e cinco anos mais tarde foi elevado a Conselheiro (Desembargador) do Tribunal de Apelação e Revista da Bahia.

No mesmo ano de 1897 foi convidado a lecionar na Faculdade de Direito da Bahia. Ensinou durante muitos anos e, ao falecer em 1939, era diretor da sua Faculdade.

Filinto Bastos, juntamente com Rui Barbosa, dentre outros, fundou em 7 de março de 1917 a Academia de Letras da Bahia. Foi o responsável pela cadeira 21, cujo patrono é Francisco Bonifácio de Abreu, o Barão da Vila da Barra. Seu sucessores na cadeira foram o não menos renomado médico Estácio Luís Valente de Lima e os imortais baianos Jorge Amado e Zélia Gattai. Hoje, a mesma cadeira é ocupada pelo poeta feirense Antônio Brasileiro.

Como se não bastasse, Filinto é um dos fundadores do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia.

O Desembargador Filinto Bastos dá nome a uma importante rua de Feira, e ao Fórum do município. Ele faleceu no dia 9 de fevereiro de 1939.

 

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