Ao passar pela Rua Senador Quintino, já nas proximidades da CERB, ninguém desconfia que uma loja simples ali instalada, quase um armarinho, é a consolidação de um sonho de vida. Com 39 anos de idade, Jucileide Bispo criou a “Pequena Notável”, espaço onde vende artigos para presentes, decoração, cosméticos e confecções. Após duas décadas trabalhando em empresas na área de saúde, ela realizou a vontade antiga de ter seu próprio negócio.

“Comecei a trabalhar com 17 anos. Nos lugares onde trabalhei sempre levava alguma coisa pra vender. Confecções, cosmético. Trabalhava com atendimento e vendia as coisas para os colegas”, diz ela como se o trabalho formal em clínicas e laboratórios fosse apenas um jeito de encontrar novos clientes para os seus produtos.

A disposição vem da infância: “Trabalhar com atendimento e com vendas – é o que eu gosto de fazer. Minha mãe sempre trabalhou com vendas, e meu pai sempre trabalhou com o público. Minha mãe sempre vendeu confecções. Meu pai trabalhava com plano de saúde, plano dentário, e sempre me levava. Ele me dizia que eu tinha que conhecer o mundo”.

Juci, da Pequena Notável

Juci teve a primeira filha aos 16 anos. Há 22 anos é casada, mas com o pai de dois outros filhos (um de 14 e uma de 12 anos). Como sustentar uma união de tanto tempo? Ela responde: “paciência, persistência, fé e muito amor. Se não tiver o amor, não supera. Porque, é luta!”.

No início, a filha e o marido passaram por alguns conflitos, a ponto da menina ter ido morar com os avós. Mas hoje, com 23 anos, a jovem está casada e se relaciona bem com o esposo de Juci.

Além dos 20 anos de trabalho formal, Jucileide cursou Segurança do Trabalho durante quatro semestres. Embora diga não entender muito por que gostou do curso, que pretende retomar, ela diz: “Eu sou muito pelo trabalhador, por aquele que faz a empresa crescer. Eu sou muito por eles. Eu trabalhei com patrões ótimos. Mas tem patrão que não valoriza em nada. Tem certos patrões que é só a cabeça deles, e quem precisa, tem que se render. Então, cansa!”.

Ela lembra que ser empregada é difícil, principalmente para quem não tem “aquela estrelinha”: “Tem patrão que tem carisma maior por um funcionário. Por mais que você desempenhe aquele sempre é que vai brilhar mais. Então procurei fazer o que mais gosto”.

Juci, Pequena Notável

Ela chegou a dirigir transporte escolar para complementar a renda de casa, mas acabou abandonando essa atividade para focar na Pequena Notável (o nome foi escolhido pela filha mais nova). Com 2 anos em atividade, Juci se diz realizada. Além de produtos diversos, ela vende camisetas pintadas e artigos de artesanato produzidos por ela própria.

“Gosto de estar procurando novidades. Tudo que é diferente eu gosto de trazer. Procuro coisas de qualidade e diferente que venha atrair os clientes”. Além do trabalho, a espiritualidade preenche seus dias: “Eu sou cristã, então o que me alegra é fazer a obra do Senhor. Essa coisa de sair e viajar, pra mim não flui”.

Essa é Jucileide, uma mulher feliz. Ali, no lugar onde se encontra. Uma pequena notável!