“Eu sentava com meu filho chorando no colo e não sabia o que fazer. Dizem que a mãe sempre sabe o que fazer, mas isso é um mito. Nesse momento, nossos sentimentos oscilam entre a pena, o medo, o ódio…”.

Esse é um depoimento da feirense Elisama Santos, mãe de Miguel e Helena, (3 e um ano, respectivamente). Após viver duas vezes as dores e as delícias de ser mãe, ela resolveu abrir a “caixa preta” da maternidade, esclarecendo outras mulheres sobre a realidade desse processo, e encontrando outras que se identificam com os seus relatos.

“Estava atrasada. Precisava sair de casa em quinze minutos e ainda não tinha conseguido sequer tomar um banho. Quando o filho era um bebê ela achava que as coisas ficariam mais fáceis com o passar do tempo, mas, pra variar, havia um abismo entre a realidade e suas expectativas. Em momentos como aquele o menino simplesmente não colaborava. Não era culpa dele. Era a pressa, a solidão, a falta de suporte. Ele era apenas uma criança que não fazia ideia do significado das coisas. Ela era apenas uma mulher que se via pressionada por todos os lados. Tentou pedir educadamente que lhe deixasse vestir as roupas. Ele não vestia. Caiu no erro de entender como uma afronta pessoal. Gritou, esbravejou. Descontou nele as dores que eram suas. Nunca imaginou que educar lhe tiraria o chão dessa forma. Por vezes não se sentia capaz. Queria ser uma mãe bacana, mas aquela criança que despertava tanto amor também despertava fúria. Despertava o melhor e pior. O menino parecia ser capaz de vira-la pelo avesso e mostrar tudo que ela sempre desejou esconder. A maternidade abriu sua caixa de Pandora e ela seguia perdida entre seus titãs.”

Elisama aponta o machismo vigente em nossa sociedade como um agravante dos desafios que as mães vivem. “As pessoas acham que o pai tem um papel de coadjuvante nesse processo. Desde criança os meninos brincam de carrinho, e as meninas de boneca. Se um menino tocar em uma boneca ele é condenado. As mulheres não podem ser as únicas responsáveis”.

Formada em Direito, Elisama advogou até o nascimento do primeiro filho. Hoje trabalha com culinária – fundou uma torteria sob encomendas, a “Elis Martins”. Ela mudou o rumo depois da chegada dos filhos.

Elisama Santos

Todos esses incômodos e descobertas estão no livro “Tudo Eu – relatos de uma mãe sincera“: “Desmistificar a maternidade me libertou. Escrever o livro é a minha forma de libertar outras mulheres. Não é algo no estilo ‘culpa não’. É uma forma de abraçar outras mães e dizer que não estão sozinhas. É também uma forma de dizer pro mundo que maternidade perfeita não existe. Alimentar a imagem da super mulher nos escraviza. Santificar a relação mãe e filho também. Somos humanas, com todas as características dessa condição. Alguém precisa falar sobre o ser mãe de maneira honesta. As mulheres precisam engravidar sabendo que não viverão um conto de fadas.”

Financiamento Coletivo

O livro está escrito, mas não foi revisado, nem diagramado. Elisama escreveu e não sabia como colocar em prática sua publicação. Para isso, ela pensou em um financiamento coletivo.

Pesquisou as plataformas, a forma de fazer e resolveu arriscar. Foi criada uma página para os colaboradores e também um perfil no Facebook, no intuito de ajudar a divulgar o livro e falar sobre a forma de participar do financiamento coletivo. A campanha acontece até o dia 20 de outubro apenas. Isso quer dizer que, se nesse prazo a meta não for atingida, o livro não será publicado. Caso não seja alcançada, todo o dinheiro retornará para os doadores.

Confira abaixo um vídeo onde Elisama fala mais sobre o projeto:

 

Para colaborar com Elisama, acesse o site do financiamento coletivo e ajude essa feirense a amplificar sua voz de esclarecimento sobre a maternidade!