A Praça do Tomba pode ser comparada ao centro comercial de qualquer pequena cidade do interior baiano, com supermercados, açougues, lojas de móveis, materiais de construção, camelôs e a tradicional feirinha, que se expande aos domingos em uma das principais feira-livres de Feira de Santana. Um dos maiores pontos de venda de produtos é administrado por Valdinez Oliveira, uma senhora reservada e de poucas palavras.
Valdinez trabalha todos os dias na feirinha do Tomba, mas ninguém por lá a conhece pelo nome. “Só eu e Jesus que conhece meu nome. Eu não gosto”, diz ela em uma das poucas revelações sobre suas preferências pessoais. Valdinez é conhecida como “Dêga”, e assim gosta de ser chamada. Dêga nasceu em Ipirá, e desde pequena viajava com o pai “pra cima e pra baixo” vendendo mercadorias. “Trazíamos mercadoria de lá pra cá e daqui pra lá”.
Aos 49 anos, Dêga tem uma vida dedicada ao comércio. Na infância e adolescência, com o pai. Depois, trabalhou no Centro de Abastecimento, até se firmar no Tomba nos últimos 30 anos. A vinda para Feira se deu após conhecer o pai de suas três filhas, uma de 24, uma de 27 e uma de 28 anos. Mas o casamento acabou, e hoje Dêga mora sozinha. “No começo é difícil, mas depois acostuma”, diz ela sobre a dificuldade de morar só.
O trabalho é o que preenche a maior parte do tempo da rotina dela: “Gosto de trabalhar, criei minhas filhas aqui, trabalhando. Conheço muita gente aqui”. Além disso, Dêga frequenta a Igreja Assembleia de Deus, frequentanda quase sempre três vezes na semana.
Dêga mora no Parque Tamandari, e busca suas mercadorias no Centro de Abastecimento. Vende melancia, pimenta, azeite de dendê, frutas, verduras, hortaliças e vários outros itens que oferece a quem passa perto de sua banca. O convite aos clientes é expresso com a naturalidade do feirante profissional, embora, na conversa olho a olho, fique claro um tanto de solidão e sisudez da mulher forjada pelo comércio.