Quando chovia em Feira o baba não parava, e a reclamação em casa era feia, pois a lama nas pernas e na roupa era inevitável.

Quando chovia em Feira, e estávamos de bicicleta, o pedal escorregava e batia na canela, e a água das poças era lançada pelo pneu (se não havia para-lama) em nossas costas.

Quando chovia em Feira a gude escorregava e sempre havia briga porque interpretava-se como jogada de verdade – mas era sem querer.

Quando chovia em Feira as piabas apareciam nadando nos córregos.

Quando chovia em Feira subir em pé de manga (ou de goiaba) era mais arriscado, porque escorregadio.

Quando chovia em Feira a casa, com goteiras, molhava.

Quando chovia em Feira era bom ver as gotas de chuva no vidro entreaberto do abafado ônibus da Autonida (ou da Transul).

Quando chovia em Feira, e era chuva fina, dizia-se que essa era a chuva que gripava.

Quando chovia em Feira esperávamos a chuva passar, para catar tanajuras na rua.

Quando chovia em Feira chovia mais do que chove hoje em dia.