Era desses tipos intermediários da política. Nem personalidade notável (vereador, deputado), nem mero eleitor. Mas conhecia vereadores e deputados, e conhecia o eleitor.
O celular tocava com frequência: uma consulta, um buraco na rua, um desempregado.
Bebia a cerveja do domingo reunido com outros corretores de interesses, e sempre batiam-lhe no ombro: “Futuro vereador. Na próxima, vai”. Ele radiava, sorria negando, praticando a modéstia dos lobos.
Mas, para sua íntima decepção, a modéstia estava certa. Não foi. Não vai. Trata-se de um tipo intermediário.