A Rapper Feirense Duquesa acaba de lançar seu novo videoclipe, “Futurista”, produzido pela também feirense Live Filmes. A letra do Rap é da própria Duquesa, que toca de maneira incisiva em questões como machismo e racismo, mostrando os desafios enfrentados por mulheres jovens e negras para se afirmarem na sociedade contemporânea. Antes de assistir ao clipe, vale ler a poesia:
Futurista
Letra: Duquesa
Catastrófica aparição
Vejo tudo na minha mão
Lutando contra minha ambição
Vaidade que cega canção
Muito bendita quando incomodo racista,
sempre irritando machista
Maldita por ser tão bem vista
Gero ódio mas comemoro a conquista.
Brigo comigo pra fazer tudo girar
Pretas me vêem com brilho no olhar
Pareço heroína por representar
Digo que é indescritível onde podem chegar.
Eu não nasci pra ficar nessa vida atoa
Muito menos no baixo dessa grande gangorra
Digo pra mim mesma que posso e repasso
Ninguém nunca me disse que eu posso ser patroa.
O sistema tem função de aprisionar a nossa mente
Querem ver nossa cara sempre no noticiário
Como traficante ou cúmplice de um assalto
Morrendo ou pobre, mas nunca o contrário.
Eu acho um absurdo ter somente um salário
Queria que fosse um palácio o lugar onde resido
Sem ter que ser engrenagem na máquina de um chefe
Você mais cansado e ele mais rico.
Querem que tenhamos pensamentos rasos,
o meu foi tão raro
Eles não sabem disso!
Segundo mundo meu corpo é fechado
Blindada de fé, sigo .
Então me propus a fazer um sacrifício
Tudo pela família e pelos meus ideais
Vivo enquanto canto, canto enquanto vivo
Homens são maus, eu prometo ser mais.
Me pergunto se vale a pena tá aqui
Um instante achei que não haveria sentido
Sei que elas querem ser um pouco de mim
Por isso engulo ego e me torno indestrutível.
Faço bons olhares serem o meu combustível
Ser porta-voz de quem nunca foi ouvido aqui
Mc frustado canta pro próprio umbigo
Não me importo por isso faço mais um inimigo.
Separando o joio do trigo
Não dêem ouvidos a eles
Eles não queria ver isso né?
Eu represento perigo né?
Incômodo quando tenho classe onde transito
Irrito quando eles não conseguem me alcançar
Maldita quando as câmeras querem focar em mim
Gero ódio porque sabem que eu posso conquistar.
Falácia machista já não me assusta
Carregam meu nome igual doce na boca
Era impossível a um tempo atrás
Eu sei o que passei pra tentar ser inclusa.
Hoje aprendi a expulsar
Todo sentimento que me aprisiona
Tirei todo conforto da minha zona
Tramei todo esse plano com a minha banca.
Preta tu pode, nós podemos tudo
Esse game “nois” fode e acaba com tudo
Eu não me assusto e nem mais me frusto
Sei bem que vai colher todos esses frutos.
Causa estranheza ver uma preta
Ocupar o espaço nessa mesa
Era previsível eu tinha certeza
O futuro é nosso, não entendo a surpresa.
Catastrófica aparição
Vejo tudo na minha mão
Lutando contra minha ambição
Vaidade que cega canção
Muito bendita quando incômodo racista,
sempre irritando machista
Maldita por ser tão bem vista
FUTURISTA.
Com direção de Eduardo Quintela, o clipe é uma das melhores produções audiovisuais já feitas em Feira de Santana. Apenas assista:
Segue a ficha técnica completa do clipe:
Elenco:
Letícia Fraga, Eduardo Coutinho, Enrique Quidute,
Leniston Magalhães, João Vinicius, Alan Bruno Barros,
Suelen Thaine, Karol Freitas, Juciara Alves.
Stylist:
Laura Iohanna
Makeup:
Andriany Smith
Direção:
Eduardo Quintela
Direção de Fotografia:
Elielson Pita // Júnior Araújo
Assistente de Câmera:
Henrique Neto
Produção:
Live // Duquesa
Agradecimentos:
Croqui // LacreAfro // Daniel Parente // Ser Mulher Fibras // Clube4work // Elayne Almeida // Jhonny Nery // Ana Paula Falcão